Encontro de saberes

Estou trabalhando sobre a cultura indígena com meus alunos e alunas, e assim como a cultura negra, eles tem muita dificuldade de assumirem essas identidades. Quando eu pergunto de quais povos e culturas descendem, levantam a mão e falam apenas de povos europeus, mesmo que, fenotipicamente, possamos notar outras ancestralidades. Hoje eu disse para eles de quais povos descendo, falei que sou descendente dos pankararus, de africanos, de franceses, holandeses, árabes e portugueses. Vi o espanto nos olhos deles por reverenciar e me orgulhar da minha ancestralidade negra e indígena tanto quanto as outras, mas mesmo assim, quase nenhum deles teve coragem de assumir essa identidade étnico-racial. Eu voltei para casa e fiquei me recordando da falta que faz nas universidades, nas escolas, a valorização e o estudo dos saberes desses grupos, me recordei do Projeto "Encontro de Saberes nas Universidades Brasileiras", e de algumas edições que tivemos na UFJF. Nessa foto, na Universidade de Brasília, Alvaro Tukano aplica rapé em mim (medicina e ciência indígena com a qual tive uma cura maravilhosa), enquanto Kabengele Munanga outro grande mestre africano, nos observa ao fundo. Eu procuro na minha vida, não apenas estudar e pesquisar sobre os temas dos grupos e povos dos quais descendo, mas também a praticar no cotidiano os seus ensinamentos mais simples, que nos ensinam o amor à natureza, a conexão espiritual com a energia vital do universo, a valorização de todos os seres vivos que habitam esse planeta e o respeito à ancestralidade.


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