Semana Mundial de Amamentação

Na Semana Mundial de Amamentação, não poderia deixar de dar o meu depoimento de como foi importante e fundamental para o desenvolvimento físico, psíquico e emocional dos meus 4 filhos, terem sido amamentados desde os primeiros minutos de vida, até quando necessitaram desse vínculo. Nós não alimentamos só as crianças, nós nos alimentamos também, de carinho, doação, cumplicidade e amor.
A relação do toque, da pele, do olhar é o que permitirá à criança crescer se sentindo amada, segura e feliz. Essa conexão e essa relação que construímos nesses primeiros anos de vida, dura para a vida toda, e é isso que sinto quando algum deles, nos dias de hoje, se achega para se aninhar no meu peito e no meu colo.
Amamentar nunca é fácil, e eu tive muitas dificuldades, desde a criança aprender a mamar e eu aprender a amamentá-las, até em lidar com a insistência daqueles a nossa volta que querem nos desestimular sugerindo mamadeiras e complementos, quando estamos no auge do desespero e a amamentação não rola: o peito incha, empedra, sangra, dói, a criança chora, grita, mas o segredo está em não se desesperar, manter a calma, a serenidade, buscar seu centro, confiar na certeza de que está fazendo o que é certo e prosseguir...

Cada criança mama diferente, se expressa diferente, necessita que esse momento seja de uma forma. Eu amamentei todos eles em todos os momentos e em todos os lugares imagináveis possíveis: assistindo aulas e realizando cursos, dando aulas na graduação e na pós, no ônibus, trem, metrô, avião, na praia, no mar, trabalhando, dançando, cantando, fazendo mestrado e doutorado, fazendo pesquisa de campo: em muitas gravações nas comunidades quilombolas, tem o chorinho de um deles no fundo...

Fui criticada várias vezes, como se o meu peito e amamentar nos espaços públicos fosse ofender ou incomodar alguém, como se fosse feio deixar os seios à mostra, como se lugar de mulher, mãe e acadêmica não fosse na universidade, mas a partir de um processo de emancipação e empoderamento, fui me impondo e preenchendo os ambientes com a minha presença, com leite, pensamentos, teorias, palavras, fertilidade e vida.
Portanto, não podemos deixar de celebrar e registrar a importância desse direito, desse gesto que tem reflexo por toda a vida da criança, na defesa da liberdade e da garantia que as mulheres amamentem em todos os espaços, ato que fortalece, que deve ser um compromisso de todos e todas! Garantir a amamentação é um ato de amor à vida. 

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